15/03/2017

Até que ponto se chega / So weit kommt es doch



Por Albany Estrela Herrmann*


O amor é cego? Dizem por aí. Será que é mesmo? Até onde vai o limite que podemos chegar para estar ao lado da pessoa amada? Ah, essas são as famosas loucuras de amor, dizem muitos. É deixar o orgulho de lado e passar a funcionar somente no modo emoção? Amar é sofrer? De uma certa forma sim, pois o amor é uma entrega total que nos deixa vulneráveis e expostos.
Em primeiro lugar deve-se identificar se o que sentimos é realmente amor. Costumamos confundir solidão, dependência psicológica, puro costume e acomodação, com amor. Está longe de ser! Não se faz necessário justificar o amor. Ou ele está aí ou não está!

É comum adiar decisões, fingir para si mesmo que está tudo bem e dizer para si mesmo que não está tão ruim assim. Coisas do tipo „ruim com ele, muito pior sem ele“. Tolerar certas coisas a longo prazo por puro medo de ficar sozinho, não se permitir ser feliz, aceitar e se conformar vivendo de forma passiva este processo interior de harakiri emocional, apenas vai prolongar o aceite de uma realidade falida. Este processo de cair na real e saber o que te faz feliz, demora! Muitos preferem viver no vazio, desprezado, maltratado, carente, isolado e se anulam com o tempo por completo. Resignação total!

Eu acho que acima de tudo devemos verbalizar os nossos desejos, os nossos problemas e as nossas necessidades. Porém, existem momentos na vida em que chegamos no final da estrada e o melhor a fazer é nada mais, nada menos, do que „refazer a rota“. Sei que é um processo deveras complicado e que requer muita coragem... Normalmente e por comodismo, deixamos as coisas assim como estão. Ou pela casa confortável. Ou pelo emocional dos filhos. Ou até pela situação financeira que também faz parte... 

E um dia chega aquele momento em que o dito „amor da sua vida“ passa a mastigar igual a um cavalo na mesa, ele levanta de manhã peidando e coçando o saco (você antes achava isso lindo e normal!) e quando ele abre a boca você pensa: - Mas que diarreia verbal! (So ein verbales Durchfall!) ou você tem a vontade de sair correndo e fazer igual ao Rei Édipo e furar os próprios olhos com um broche para não ter que ver aquilo diariamente kkkk.Tudo bem, tudo bem. Eu sou exagerada, eu sei! Mas vocês têm que admitir que nada mais sobrevive quando se chega a este ponto! É melhor agir como naquele ditado alemão „melhor ter um fim triste, do que uma tristeza sem fim“ (besser ein Ende mit Schrecken als ein Schrecken ohne Ende). 

Todas as borboletas no seu estômago morreram? Se você está triste, insatisfeito ou decepcionado, vá à luta! Admita acima de tudo que o seu atual relacionamento se tornou disfuncional! Segue agora uma listagem de sinais de que o fim está próximo ou que você precisa reprogramar e repaginar a sua relação:

1 – Você se agarra ao que não corresponde exatamente à realidade? Vive de aparências? Todos pensam que vocês formam um casal 20, mas na verdade não rola mais nada há um tempão? Ou você acredita em qualquer coisa só pra fugir da sua vidinha sem graça?

2 – A falta de reciprocidade é comum. Um ama mais do que o outro ou o outro nem ama mais. Só está ali de corpo presente, nada mais. 

3 – Desrespeito com relação ao seu parceiro ou parceira. Verbal ou físico. Mulher que é xingada e apanha, mas continua em casa. Eu não sei viver sem ele… Sabe SIM!

4 – Aceitar os defeitos do outro não significa necessariamente engolir qualquer disparate e aceitar qualquer coisa… Ouvi de uma mulher que o namorado dela tinha ganhado um vale-motel no valor de cem Reais. A conta deu 170 e ele mandou ela pagar os 70! Peraí!!! Pára tudo! Pára tudo! Primeiro que vale-motel já me fez cair no chão de tanto rir e depois ainda mandar ela completar a conta para dormir com ele? Além de ser miserável e pão-duro, ainda é deselegante! Tem que estar muito desesperada da vida para aceitar uma vergonha dessas!

5 – Viver refém das próprias carências é um certo mecanismo de defesa, principalmente da mulher que espera um dia encontrar aquele príncipe encantado que vai matar o dragão e salvá-la. A esperança nunca morre. Será?

6 – O amor que te sufoca e a pessoa deixa de viver a própria vida e vive a do outro. Isso não é amor. O nome disso é obsessão! A máxima „penso, logo existo“ significa, entre outras coisas, pensar em mim!!!

7 – A falta de coragem para recomeçar e de declarar o término de uma relação é comum, mas não é o fim do mundo! Reconstruir uma realidade que vai te fazer feliz de verdade é a sua maior recompensa! Pense bem: - Faz ou não faz sentido continuar com isso?

8 – Viramos amigos ou irmãos. Então está mais do que na hora de se repensar a situação. Ou uma guinada drástica ou uma conversa franca. Pronto!

9 – A falta de interesse sexual ao ponto de nem se sentir mais falta disso, não é normal! Não mesmo!

10 – Sentir falta daquele agrado, das conversas descontraídas, do carinho sem motivo e sem hora e preferir passar a ficar sozinho e a „viver uma vida separada só que junto“? E tem que ser assim? As brigas constantes e a total falta de comunicação são os maiores indícios de que o fim está próximo ou alguma coisa precisa ser feita urgentemente!

Se vocês nunca conversaram abertamente sobre tudo isso, agora está na hora! Avalie se seu par e você ainda têm objetivos, interesses e sentimentos em comum e se a sintonia de outrora pode ser resgatada, recriada ou se ela não existe mais. Identifique tudo que você procura e tudo que seu parceiro/a significa para você e acrescenta na sua vida. Esta é a opção mais saudável! # Fica a dica!

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E obrigada por visitar meu blog!!!


* Professora de Alemão  (Deutsch als Fremdsprache DAF
certificado do MEC Ministério Alemão - BAMF-Zulassung)  
Professora de Português para Estrangeiros, PLE na Universidade de Tübingen 
Licenciada em Letras Português e Alemão, Universidade Federal Fluminense RJ  
Mestre em Filologia Românica pela Eberhard Karls Universität de Tübingen e
Doutoranda em Translation Studies

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